quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Dança das Galáxias!


   Bela imagem não? Sim. Trata-se da Nebulosa da Tarântula, um berçário de estrelas funcionado a todo o vapor na Grande Nuvem de Magalhães. 
    As Nuvens de Magalhães são galáxias anãs irregulares, satélites da Via Láctea. Acreditava-se até então, que elas sempre orbitaram a nossa galáxia mantendo as distâncias atuais, tal como as galáxias-satélites menores, todas presas ao mesmo campo gravitacional. A surpresa veio com os indícios que surgiram agora, de que, ao contrário das demais, as Nuvens de Magalhães estiveram na maior parte de sua existência, bem mais afastadas da Via Láctea e agora experimentam uma rara aproximação dela. Se isso se confirmar, podemos estar testemunhando uma dança intergaláctica a três, capaz de abalar a estrutura e composição dessas galáxias, aquecendo seus berçários de estrelas, fazendo surgir bilhões de novas estrelas e planetas, e ao mesmo tempo, arremessando outros às profundezas do espaço.

À direita da imagem, vemos as duas "nuvens bailarinas", acompanhadas de um cometa próximo.

    Um dos fortes indícios de que as Nuvens de Magalhães estejam de passagem, visitando a nossa galáxia, é a proporção delas. Enquanto as demais galáxias satélites não possuem mais de 10 milhões de estrelas, as duas Nuvens juntas passam dos 30 bilhões de estrelas! Antes de topar com a Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães poderia ter sido uma clássica galáxia espiralada, tal como a do Triângulo (M33), que tem uma aparência impressionante, mas na realidade, não é muito mais do que a Grande Nuvem. 

Em meio a turbilhões de gás, vemos a super nova mais brilhante dos últimos 400 anos, situada na Grande Nuvem de Magalhães.

     O que intriga os astrônomos ainda, é que apesar de já terem interagido ao menos uma vez com a Via Láctea no passado, as Nuvens ainda possuem uma quantidade considerável de gás interestelar, e continuam produzindo novas estrelas à todo o vapor. Ao contrário do que normalmente acontece nesses casos, quando as galáxias menores cruzam com outras bem maiores, a força gravitacional das grandes galáxias acaba raptando o gás interestelar das menores, gás este, que é a matéria prima para a formação de novas estrelas. O que acontece então é que as galáxias menores acabam tornando-se uma espécie de comunidade sideral de aposentados, levando apenas estrelas velhas em si e nada mais.

    N11.N11, a segunda maior área de formação de estrelas na Grande Nuvem de Magalhães.


     A Via Láctea e a Grande Nuvem de Magalhães estão destinadas a se manter próximas. Mas poderá essa dança celeste gerar uma fusão? Ou as nuvens vão apenas se aproximar e se separar, atravessando a sua existência como um casal sossegado que, a cada bilhão de anos, se reencontra em um hotel no centro da cidade para uma orgia de geração de estrelas? Bom, ao que parece, somente astrônomos do próximo "Bilênio" poderão nos responder. :)

Fonte de Imagens e pesquisa:
Revista National Geographic Brasil, edição nº 142, Janeiro de 2012. Editora Abril
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/galaxia-nuvem-magalhaes#4
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nuvens_de_Magalh%C3%A3es
http://cienctec.com.br/wordpress/index.php/2010/05/10/